terça-feira, 3 de maio de 2011

Os escaninhos do inconsciente




Muitas pessoas demonstram certo orgulho de contentarem-se com apenas cinco ou seis horas de sono à cada noite.

Não deveriam visto que, sem terem consciência, estão comprometendo sua capacidade de trabalho e a chance de serem mais bem sucedidas em suas atividades.

Dormir não é um luxo, como diz James O’Brien, diretor médico do Boston SleepCare Center, situado em Waltham, Massachusetts, nos Estados Unidos:

“É uma necessidade do corpo humano para que tenha um nível ótimo de funcionamento.”

Ao dormir, nosso cérebro cataloga as experiências do dia que terminou, afia a memória e faz a regulação hormonal de nossa energia, disposição e capacidade mental. Para completar todas essas funções, o cérebro precisa de sete a oito horas diárias de sono. Então, ao dormir menos do que essas horas corremos o risco de comprometer a concentração, a criatividade, a produtividade e – sem dúvida – o bom-humor.

Para entender por que o número certo de horas de sono é tão importante para nosso desempenho, vale a pena tomar conhecimento dos avanços científicos nesse mister e saber como o sono funciona:

O sono saudável se divide em ciclos de quatro estágios. Nos estágios 1 e 2, vamos ficando mais e mais desconectados do mundo à medida que neles avançamos, até entrarmos no sono profundo que ocorre no estágio 3. No sono profundo, tanto a atividade do cérebro como a do corpo são reduzidas ao seu ponto mais baixo do ciclo e o sangue é redirecionado do cérebro para os músculos.

O quarto e último estágio é marcado pelo rápido movimento ocular – REM, na sigla em inglês – sua característica definidora; é quando nosso cérebro fica especialmente ativo, até mais do que quando estamos acordados.

Os sonhos acontecem nesse estágio.

Em um sono ininterrupto, durante a noite, nós experimentamos três ou quatro desses ciclos, cada um durando de 60 a 90 minutos.

O trabalho do sono voltado para restaurar as energias somáticas acontece durante os estágios 3, quando ocorre o sono profundo, e o 4 – REM (Rapid Eye Movement).

O sono profundo é crucial para a renovação física, regulação hormonal e ao crescimento dos indivíduos, crianças e jovens. Sem ele, ficamos mais sujeitos às doenças, à depressão e ao ganho de peso.

De acordo com o estudo “Sleep in America” realizado em 2008 por meio de pesquisa sobre o sono e que foi conduzida pela National Sleep Foundation, nos Estados Unidos, as pessoas que dormem menos de seis horas por noite nos 5 dias úteis da semana - de segunda a sexta-feira, são mais propensas à obesidade do que as que dormem oito horas ou mais (41% versus 28%).

No sono REM, o cérebro processa e sintetiza memórias e emoções, atividade essencial ao aprendizado e ao raciocínio. A falta de sono REM resulta em lentidão no processamento cognitivo e social, ocasionando problemas de memória e dificuldades de concentração. A pesquisa “Sleep in America” de 2008 revelou ainda que as pessoas que dormem menos de seis horas por noite na semana útil têm o dobro de chance de apresentar dificuldades de concentração na comparação com os indivíduos mais descansados, cujo sono foi mais regular e observou as 7ou 8 horas.

Identificou-se também que quando as horas de sono são reduzidas, é o estágio do sono REM o que fica mais comprometido; tendo sido identificadas duas razões para isso:

1. Quando confrontado com a privação de sono, nosso cérebro automaticamente opta pelo sono leve em detrimento do sono REM.

2. Os ciclos de sono madrugada adentro tendem a ter períodos REM mais longos do que aqueles que acontecem no início da noite. Portanto, quando você completa apenas um ou dois ciclos de sono no início da noite, em vez de três ou quatro, seu sono REM é afetado desproporcionalmente.

Ou seja, quando seu cérebro está necessitando de sono REM, tentar concentrar-se numa única atividade que seja, resultando na configuração de uma situação altamente desafiadora, donde pode-se imaginar o comprometimento que ocorre no trabalho multitarefas que temos que desempenhar no dia a dia.

Além disso, o déficit de sono REM reduz sensivelmente a percepção de nuances e de sutilezas comuns às tarefas que exigem maior atenção, concentração e raciocínio analítico, prejudicando e tornando mais lenta a atividade de nosso intelecto, limitando a capacidade do indivíduo no processo de tomada de decisões.

Analisando os efeitos do sono sob os parâmetros ditados pela psicologia e de seus estudos atuais, ainda mais avançados nessa matéria, observamos que efetivamente o cérebro humano é um processador de informações e que dispõe de áreas de armazenamento de dados (memória de curto e longo prazos), áreas relacionadas com a comunicação e outras mais.

Verifica-se que com o avançar da idade, dá-se uma ligação mais próxima entre o indivíduo e a sua componente espiritual, que transcende a personalidade e o cognitivo. É então que mencionada ligação permite que o indivíduo não tenha necessidade de tantas horas de sono para recuperar a sua energia vital, porque a mesma flui com mais facilidade através da ligação espiritual.

Destacamos que a investigação dessas teorias é atualmente objeto de estudo aprofundado por meio da física quântica.

O inconsciente define um complexo psíquico (conjunto de fatos e processos psíquicos) de natureza praticamente insondável, misteriosa, obscura, de onde brotariam as paixões, os sentimentos, o medo, as fobias, a criatividade e a própria vida e morte da matéria que encapsula nossos espíritos.

O conceito de inconsciente de Carl Gustav Jung se contrapõe ao conceito de subconsciente ou pré-consciente de Freud. O pré-consciente seria o conjunto de processos psíquicos latentes, prontos a emergirem para se tornarem objetos da consciência. Assim, o subconsciente poderia ser explicado pelos conteúdos que fossem aptos a se tornarem conscientes (determinismo psíquico). Já o inconsciente seria uma esfera ainda mais profunda e insondável. Haveria níveis no inconsciente classificados mesmo como inatingíveis. Jung separou o inconsciente pessoal do inconsciente coletivo.

Atualmente ainda não existe consenso sobre o conceito de realmente existir um inconsciente coletivo, igual ou distribuído/compartilhado igualmente entre as diversas culturas e povos. Todavia os estudos de mitologia/religião comparada, abrangendo todos os povos, de todas as épocas da humanidade, oferecem fortes indícios e força a plena aceitação desse modelo. Cabe citar um grande nome nessa área, Joseph Campbell, autor do livro The Power of Myth (O Poder do Mito). Seus estudos reforçam o modelo de inconsciente coletivo conforme postulado porJung.

A noção de um inconsciente pode estar atrelada firmemente à crença em um tempo físico e objetivo, inviolável e inalterável. Devido à experiência subjetiva da "flecha do tempo" ou à impossibilidade de revertermos a direção que nossas ações tomam no tempo - ainda que o mesmo seja um construto - tornar-se-ia necessária a especulação de uma região indefinida e incognoscível, rotulada dualisticamente de inconsciente, como contraposição à experiência da autoconsciência. Essa necessidade seria praticamente uma exigência da manutenção da linearidade causal. Se a mesma não fosse necessária, ou se dispuséssemos de outros modelos igualmente explicativos, não seria necessário o modelo do inconsciente.

Atualmente, a física quântica aparentemente está questionando a existência de algo fora da atualidade atemporal do observador, devido ao seu tratamento probabilístico daquilo que simplificadamente se intitula de realidade. Diversos fenômenos mentais, tais como sonhos, intuições, processos criativos e mesmo cognitivos podem, talvez, ser muito mais facilmente compreendidos se a linearidade causal não for uma necessidade.

Eventualmente o próprio tempo seria apenas um construto dependente da forma pela qual o cérebro-mente organiza diversas experiências em uma linha dita causal. Isso pode ser observado em pessoas portadoras de transtornos das mais variadas espécies, que apresentam ordenações, nesse construto, nem sempre lineares, o que as leva a ser qualificadas como portadoras de patologias em seus diversos níveis. Em crianças de tenra idade, é possível também observar que as mesmas se comportam como se a sua linearidade ainda estivesse em processo de construção.

Assim, e acatando-se como exigência de consistência nesse modelo de tempo físico e irreversível, tornar-se-ia necessária a construção da idéia de um inconsciente. Uma solução interessante para contornar a exigência de linearidade desse construto é a mudança de domínio do tempo para o domínio da freqüência.

Uma vez que o observador (autoconsciência, eu - não o ego – self, ou a própria experiência da ciência como o estado de estar ciente) passasse a organizar suas percepções pelo critério da freqüência e não do tempo, muitos fenômenos mentais se tornariam mais facilmente compreensíveis. Mas, por outro lado, as noções de tempo e espaço seriam então necessariamente colocadas em segundo plano; o inconsciente deixaria de ter necessidade de existir porque o tempo que o limita deixaria de ser um fator significativo.

Tornar-se-ia mais interessante, mais conseqüente e mais consistente então falar de um não-consciente em contraposição à concepção nebulosa de um inconsciente misterioso, inacessível, incógnito, indecifrável, verdadeira cornucópia de soluções, na maioria das vezes absurdas para as mais diferentes mazelas provenientes de uma crença na causalidade absoluta e na incapacidade de conceber o tempo - e sua seqüela, o espaço - como construtos mentais humanos e não como realidades físicas independentes do observador.

O ser humano poderia passar então a viver mais na atualidade, estabelecendo acessos a outros tempos e espaços (eventos) como igualmente construtos, mas não determinismos, principalmente de um inconsciente, seja ele pessoal ou coletivo, mas sempre nebuloso.

Respeitando as experiências e os louváveis estudos – com seus avanços – da ciência e da psicologia, ao considerarmos que somos seres constituídos por espírito, perispírito e corpo físico, algumas avaliações demandam sejam feitas:

Como é sabido, o corpo físico é que precisa ser alimentado, de ser tratado considerando cada um dos órgãos que o constitui, e no geral, porque ele ao fim de algum tempo se cansa e o sono é um dos momentos naturais em que o espirito, embora precariamente, se liberta da prisão (corpo físico) dando descanso ao corpo que o anima e também para viver momentaneamente em seu verdadeiro mundo, aquele de sua origem, que é o mundo espiritual de onde viemos e para onde retornamos sucessivas vezes; tantas quantas forem necessárias as experiências vivenciadas na escola proporcionada pela matéria que se nos oferece como veículo ao burilamento de nossos espíritos, notadamente no campo moral.

Em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VI, Parte 2ª, questão nº 257 encontramos a explicação que transcrevemos a seguir:

O corpo é o instrumento da dor, se não é sua causa primária, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que ela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação física. Com efeito, o frio e o calor não podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode regelar-se nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produzir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no membro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de partida da dor; o cérebro conservou a impressão, eis tudo. Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos Espíritos depois da morte (...)”

“O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a própria matéria inerte (...)”

“É também o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Eis porque o Espírito não diz que sofre mais da cabeça que dos pés (...)”

“Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; não obstante, não é também um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, pois ele se queixa de frio ou de calor (...)”

“A dor que sente não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está localizada e não é produzida por agentes exteriores: é, antes, uma lembrança também penosa (...)”.

Um espírito já desencarnado pode acreditar estar sentindo dor, pois sua mente ainda mantém a percepção desta dor. Ele não sente uma dor física, pois esta dor é inerente ao corpo, que já não existe mais, mas por estar muito apegado à matéria e acreditar que possui um corpo, sua mente “percebe” a dor.

“Durante a vida material, o corpo somático recebe as impressões exteriores e a transmite ao espírito por intermédio do perispírito, que constitui, provavelmente, o que se costuma chamar de fluido nervoso. O corpo, estando morto, não sente mais nada, porque não possui espírito nem perispírito. O espírito, desligado do corpo experimenta a sensação, mas como esta não lhe chega por um canal limitado, torna-se geral. Como o perispírito é apenas um agente de transmissão, pois é o espírito que possui a consciência, deduz-se que se pudesse existir perispírito sem espírito, ele não sentiria mais do que um corpo morto. Da mesma maneira, se um espírito não tivesse perispírito seria inacessível a todas as sensações penosas: é o que acontece com os espíritos completamente purificados. Sabemos que quanto mais o espírito se purifica, mais eterizada se torna a essência do perispírito, de maneira que a influência material diminui à medida que o espírito progride, ou seja, à medida que o perispírito se torna menos grosseiro.”

Desde o século passado, a ciência já conhece quais os neurônios envolvidos na percepção da dor, mas o mais importante é o processo mental que irá interpretar esta dor. Ou seja, a forma como é expressa essa dor está fortemente ligada à cultura, à personalidade, às experiências anteriores, à memória e ao ambiente do indivíduo. Desta forma, podemos concluir que a dor é um processo mental interpretativo, não passando de uma questão personalíssima. Sem dúvida é uma sensação que ao se manifestar em uma ou mais partes do organismo, sempre é desagradável, e, portanto, representa uma experiência emocional. Estamos diante de um fenômeno dual, de um lado a percepção da sensação e de outro a resposta emocional do indivíduo a ela. Assim, nem sempre quem está sentindo dor está efetivamente sofrendo. O sofrimento é uma questão subjetiva e está mais ligada à moral da pessoa. Nem toda dor leva ao sofrimento e nem todo sofrimento requer a presença de dor física. A dor sempre representa um estado psicológico, muito embora saibamos que a dor na maioria das vezes apresenta uma causa física imediata.

Nos disse Emmanuel:

“Toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.” (O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier).

Infelizmente a psicologia, que supostamente deveria tratar dos assuntos pertinentes à alma (psiqué, do grego) esquece-se e furta-se completamente a ela.

Não pretendendo mais nos estender, enfatizamos que identificamos no sono físico a oportunidade para que o espírito continue sua jornada de labuta rumo ao progresso que é esperado à cada um de nós e para o qual nosso Pai Eterno nos criou. Invariável e permanentemente recebemos instruções e orientações por parte de nossos irmãos que já se encontram no Plano Espiritual, em atendimento à misericórdia divina que nunca nos desampara, oferecendo o lenitivo para nossas dores e o fortalecimento de que necessitamos à cada dia para sermos bem sucedidos diante dos embates e das experiências – muitas das vezes penosas – pelas quais nossos espíritos carecem ultrapassar.

Diante da eternidade de nossa vida, em termos evolutivos, ainda nos encontramos muito mais próximos do início da longa caminhada, acumulando experiências que se traduzem por alguns poucos méritos e muitos tropeços, estes que no devido tempo exigirão o resgate face aos compromissos que nos interligam uns aos outros no conjunto de seres que gravitam no orbe terrestre; colecionando mesmo, nessa trajetória que vimos empreendendo, lamentáveis legados negativos que encontram-se registrados e armazenados nos escaninhos da individualidade de cada um de nós.

À cada uma das nossas mazelas, por menor que seja, teremos que responder e ela deverá ser redimida para que possamos avançar, numa tarefa que exige, sobretudo o esforço individual, mas também coletivo, na pratica do perdão e do amor fraterno incondicionais, assim como Jesus nos ensinou.

Tal é a Lei!

Por essa razão é que nosso Irmão Maior mesmo diante de seu cilício nos asseverou há mais de 2.000 anos:

"Eu estarei convosco até o final dos tempos"

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