O ALTAR
Utilizando o conceito das quatro direções, segue abaixo uma sugestão, onde você poderá adicionar seus objetos de poder :
Posicione (adaptado ao Hemisfério Sul) do seu altar ( seja qual for a dimensão):
- Um copo de água no Norte. A água representa o elemento água
- Um incenso no Sul.O incenso simboliza o elemento ar.
- Uma pedra, cristal ou um vasinho de terra no Oeste, representando o elemento terra.
- Uma vela na direção Leste, representando o elemento fogo.
Eu sempre começo com o Norte, ( para o altar) que é o lugar da inocência, depois sul, oeste, leste. Na medida que vai posicionando os elementos invoque as dádivas das direções
Lembre-se de iniciar com a cerimônia de purificação . Consagre o altar como um ponto de força para você.
Depois vocês poderão colocar o que quiserem : pedras, animais , imagens, divindades amuletos, ou simplesmente mais nada.
MARACÁS/CHOCALHOS
Possuem a mesma finalidade dos tambores, também são utilizados para aberturas de rituais e exorcismos.
Segue abaixo texto de Clara Prado Marques Porto e Eduardo Sarmet Cunha Weizmann feuto pada o Curso de Etnomusicologia. Enviado por Angelo Massardi em 2.004 para a lista de Xamanismo Universal
O presente texto intitulado "Quando o instrumento vira espada" é o produto de uma pesquisa etnográfica realizada durante o primeiro semestre do ano de 2003 na Igreja do Santo Daime Céu do Mar , localizada na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Para a realização da mesma, utilizamos o método qualitativo. Uma das técnicas utilizadas foi a observação participante - freqüentamos os diversos cultos realizados na Igreja, assim como outras atividades: concentração, bailado, trabalhos de cura, ensaios. Em todas essas atividades a prática musical foi percebida como de grande importância, percebida base condutora, sendo os ensaios uma atividade específica e totalmente voltada para as práticas musicais uma vez que nele os participantes ensaiam as músicas que são cantadas e tocadas nos cultos. Outra técnica relacionada ao método qualitativo de pesquisa foi a realização de entrevistas abertas com diversos integrantes do grupo religioso, não só do local onde realizamos as observações, como de outras igrejas do Santo Daime de todo o mundo, via Internet
Nosso objetivo foi buscar informações a cerca do uso ritual maracá, assim como analisar as representações, imagens e o simbolismo que o cercam. Fazer uma abordagem do uso do maracá apenas como instrumento musical seria reduzir o objeto ao menor foco possível. Pois para entender o uso do maracá no contexto ritual do Santo Daime é necessário fazer uma pesquisa acerca de todo simbolismo que cerca esse objeto, bem como dos revisar os relatos sobre os seus efeitos mágicos.
Um sinônimo de Maracá seria simplesmente chocalho. No entanto o maracá usado nos rituais daimistas tem características especificas. Geralmente são chocalhos metálicos, feitos com uma lata de tamanho médio ou pequeno, geralmente aquelas latas de leite condensado normal ou mini, com pequenas bolinhas de aço (esferas de rolamento) dentro e cabo de madeira. No entanto ainda não existe uma padronização, havendo maracás de coco, de cabaça, de madeira e dos mais variados materiais.
A uniformização, conforme o ideal estabelecido por Irineu Serra, seria do maracá feito de lata e cada fardado possuiria um, fazendo ele parte da farda (vestimenta ritual). Este maracá deve ser tocado batendo sua parte superior na mão em marcações constantes.
Estas marcações seguiriam o compasso da musica. Uma musica em compasso quaternário como a marcha teria marcação ( f - f - f - F ) aonde a ultima seria uma batida para cima (Rufo) ao invés de ser na mão. Uma valsa em compasso ternário teria a marcação ( F - F - f ) e a mazurca em compasso binário composto teria a marcação ( f - f - f - F - F - F )[3]. O compasso se seguido corretamente por todos vai produzir o som uníssono e cadenciado favorecedor da expansão da consciência.
A padronização uma vez idealizada por Irineu Serra sofre sobre vários aspectos. O primeiro deles seria a grande diferença de materiais na fabricação dos maracás, o que produz um som diferenciado. A segunda seria a própria maneira de tocar de cada pessoa. Há pessoas que tocam batendo o maracá na mão[4]. No entanto, as pessoas que usam o caderno com a letra das musicas do hinário em uma das mãos, em geral, não batem o maracá na mão por estar com ela ocupada[5]. Desta forma a pessoa tem que bater o maracá, ora para baixo ora para cima, o que por si só produz um som diferenciado.
Algumas pessoas desviam o toque do seu maracá da marcação básica, produzindo viradas e repiques diferenciados. Existe uma grande problemática e discussão acerca do toque dos maracás. Durante as entrevistas constatou-se que os adeptos dão grande importância e fazem restrições ao "volume" do toque de outros adeptos, bem como restrições a estes toques diferenciados. Por vezes tivemos relatos como:
"Um ótimo xamã para entrevista sobre o maracá é o Padrinho Eduardo do Céu de Maria [SP]. Ele fica muito chateado quando escuta um maracá pasteurizado." (Jussara)
"Lá no Flor das Águas, igreja do Pedro Malheiros em São Paulo, ainda quando na garagem da casa do Pedro, haviam maracás indígenas, mas eram pouco usados. Na verdade, não eram maracás afinados, próprios para o culto do Daime, e eu poderia até chamá-los de chocalhos." (Eduardo Bayer - entrevista por e-mail)
"... não há necessariamente uma maneira correta [de tocar], acredito que se possa fazer o tempo forte à sua maneira, desde que se mantenha atento para não perder o tempo e prejudicar o ritmo, consequentemente, a Harmonia do trabalho." (Alex Guedes dos Anjos)
"... uma irmã falava: Olhem a altura do maraká! Vamos trabalhar com as energias mais elevadas, acima do coração, nunca abaixo." (Silvia)
" Também quando mal tocado e interpretado em suas forças, sozinho ou aliado a com uma percussão que não conseguira tocar, e lá esta o fim do trabalho e a peia[6] geral se instala e ninguém mais se entende na harmonia do hino e do salão que vira aquela taquicardia e acelera e diminui e é muito difícil um Maracá mal tocado." (Timbere - entrevista por e-mail ao membro do grupo daimista na França)
"Afirmações como “devem conter 132 esferas” (em alusão ao total de hinos do “O Cruzeiro Universal”), “há maracás masculinos e maracás femininos”, “os maracás devem soar em uma nota específica”, ou “há uma forma ritual de confeccioná-los”, são superstições de fundo idolátrico..."
"... Mestre Irineu não deixou nada determinado a respeito dos maracás, embora incentivasse a padronização, razão pela qual devem ser todos o mais semelhantes possível entre si e o verdadeiramente importante é todos soarem em uníssono no correr do serviço espiritual bailado, atuando poderosamente sobre o psiquismo dos fiéis e facilitando a expansão de consciência que favorece o serviço espiritual." (Luiz Carlos Teixeira de Freitas em entrevista por e-mail citando seu livro ainda no prelo)
"O maracá deve estar afinado convenientemente. Em tese, todo fardado deveria ter um maracá. Deve saber tocá-lo adequadamente dentro do ritmo exigido pelo hino. O comando do trabalho poderá limitar o número de maracás, se assim julgar conveniente." (Livro Normas de Ritual editado pelo CEFLURIS)
Percebemos, então, que preza-se o maracá tocado com som uniforme. Sendo assim quando existe uma inadequação cabe ao "comando do trabalho" julgar a maneira conveniente de proceder. O que, por vezes, pode terminar em discussões acaloradas. Existe ainda um debate acerca da afinação do maracá no entanto este aspecto, como outros, também faz parte de toda a discussão acerca do maracá enquanto instrumento musical.
Faz-se necessário para o estudo do Maracá descobrir mais acerca da palavra. Segundo o dicionário Aurélio maracá seria:
1. Instrumento chocalhante que era usado pelos índios nas solenidades religiosas e guerreiras; bapo, maracaxá, xuatê.
2. Chocalho que acompanha certas músicas e danças populares, como, p. ex., o samba e o baião.
3. Chocalho que serve de brinquedo às crianças.
Seguindo a primeira hipótese buscamos na literatura clássica sobre xamanismo citações sobre o uso do maracá entre os indígenas. E encontramos citações bem interessantes, entre elas:
“Embora a indumentária ritual seja bastante rara na América do Sul, certos acessórios do feiticeiro fazem as suas vezes; entre eles podemos citar o maracá, chocalho, feito de cabaça em cujo interior há grãos ou pedrinhas, sendo munido de um cabo. Esse instrumento é considerado sagrado, e os tupinambás chegam afazer-lhe oferendas de alimentos.” (A. Metraux apud. Eliade, 1951)
Além dessa citação, no livro "O Xamanismo e As Técnicas Arcaicas do Êxtase" de Mircea Eliade, encontrasse uma outra menção ao maracá. Está citação faz, para os indígenas, um paralelo do maracá com o universo, isto é, dentro da cabaça do maracá estaria contido um universo.
"Se o tambor é o instrumento do xamanismo na Sibéria e na América do Norte, na América do Sul é quase totalmente substituído pelas maracás. Tal como o tambor siberiano, que se diz ser feito da árvore do mundo, também o cabo da maracá sul-americana simboliza esta árvore, ao passo que o volume oco do instrumento propriamente dito simboliza o cosmo. As sementes, cristais ou seixos contidos no seu interior são os espíritos e as almas dos ancestrais. A agitação da maracá torna os espíritos ativos, que então passam a prestar assistência ao xamã." (Eliade 1951)
Em seu estudo sobre as origens incas do culto a ayahuasca o pesquisador Eduardo Bayer em seu livro "O Verdadeiro Inka", traz um relato deveras interessante, pois em seu segundo anexo trata da tradução de um texto conhecido como "Historia do Futuro" escrito pelo Padre Antônio Vieira e a partir dele traça um paralelo entre o uso indígena da ayahuasca com a posterior cristianização da bebida através de Raimundo Irineu Serra. No entanto o que nos importa aqui são os trechos do documento de Pd. Antônio Vieira em que trata do maracá. Reproduzindo na integra o dialogo entre a tradução de Bayer e os escritos de Vieira segue:
"... Para inteligência do verdadeiro entendimento deste texto ou enigma, se há de supor que a palavra latina cymbalum, com que significamos os nossos sinos de metal, significa também qualquer instrumento com que se faz som e estrondo; e tais eram os címbalos de que usavam antigamente os Gentios, que se chamavam por nomes particulares sistros, crótalos, ou crepitáculos e por nome geral címbalos. (...) Também se há de supor que os Maranhões usavam de uns instrumentos que chamavam maracás, não de metal, porque o não tinham, senão de cabaços ou cocos grandes, dentro dos quais metiam seixos ou caroços de várias frutas, duros e acomodados a fazer muito estrondo e ruído, servindo-se dás menores nas festas e nos bailes e dos maiores nas guerras. Estes maracás eram propriamente os seus címbalos ou sinos, tanto assim que, depois que viram os sinos de que nos usamos, lhes chamam itamaracás, que quer dizer, maracás ou sinos de metal.
(...) As maiores embarcações dos Maranhões chamam-se maracatim, derivado o nome da palavra maracá, que como dissemos, significa entre eles sino e a razão de darem este nome às suas maiores embarcações era porque, quando iam às batalhas navais, quais eram ordinariamente as suas, punham na proa um destes rnaracás muito grandes, atados aos gurupés ou paus compridos; e bulindo de indústria com eles, além do movimento natural das canoas e dos remeiros, faziam um estrondo barbaramente bélico e horrível; e porque a proa da canoa se chama tim, tirada a metáfora do nariz dos homens ou do bico das aves, que têm o mesmo nome, e juntando a palavra tim com a palavra maracá, chamavam àquelas canoas ou embarcações maiores maracatim, e este nome usam até hoje, e com ele nomeiam os nossos navios.
[...] Digo, pois, que fala o texto de verdadeiras asas de aves. Como aqueles gentios não tecem, nem têm panos, é grande entre eles o uso das penas pela formosura das cores com que a natureza vestiu os pássaros, e particularmente o chamado guará, de que há infinita quantidade, grandes e todos vermelhos, sem mistura de outra cor; destas penas se enfeitam quando se querem pôr bizarros, e principalmente quando vão à guerra, ornando com elas todo o gênero de armas, porque não só levam empenadas as setas, senão também os arcos e rodelas, e as partasanas de pau e pedra que chamam fanga-penas e quando a guerra era naval, empavesavam-se as canoas com asas vermelhas dos guarás, e as mesmas levavam penduradas dos gurupés e maracás das proas; e por isto o Profeta diz que todas estas cousas via e notava como tão novas: chamou as lanças sinos e sinos com asas: Navium alis, cymbalo alarum”. (Bayer Neto, 2003)
Ainda no texto de Bayer encontramos uma passagem interessante quando este cita José Francisco Rocha Pombo que em seu livro Historia do Brasil (Ilustrada) traz uma passagem sobre o maracá.
" Rocha Pombo faz referência de que o Tapuia mais puro teria sido aquele que os portugueses encontraram em Porto Seguro depois da Páscoa de 1500, e declara: “Entre os Tapuias, uma tribo poderosa toma o nome de Maracá e é sem dúvida a nação sagrada: pois um precioso manuscrito da Biblioteca Real que atribuo a Gabriel Soares a coloca nas imediações de São Salvador, privilegiada região que parece ter sido outrora a metrópole selvagem destas nações indianas. Sirva de instrumento para guiar as danças guerreiras, ou represente a divindade, o que é certo é que o nome de maracá se acha. mais ou menos alterado, em grandes números de denominações indígenas. Entre os Tupis, que seguramente o tinham tomado aos Tapuias, era o maracá de um uso menos misterioso e mais geral: era uma simples cabaça (porungo) oval, ornada de penas vermelhas e azuis de arara. Um cabo ornado a atravessava, e agitando-a, o índio fazia retinir na cabaça os grãos (de milho ou de feijão) que lhe punha dentro. Sem arriscar uma hipótese inverossímil, pode bem ser que este fosse destinado a recordar simbolicamente o ruído do trovão, que todos estes povos reverenciavam” (Rocha Pombo). O que se sabe é que o maracá foi o tabernáculo das mais antigas tribos brasileiras, através do qual os indivíduos abriam um espaço ritual para a comunicação com seus deuses, sendo por isso venerado com o respeito devido a um objeto sagrado.
Maracá pode até ter sido o nome original deste continente meridional, que de Amaracá na expressão indígena, segundo Rocha Pombo..." (Bayer Neto 2003)
Como se não bastassem por si só estes trechos para ilustrar a importância que tem o maracá em seu contexto indígena podemos lembrar ainda, que além da tribo Maracá citada por Rocha Pombo, existe ainda um ritual xamanístico entre os Asuriní do Xingu com o nome de Maraká. Este ritual foi estudado pela pesquisadora Regina Polo Müller da UNICAMP e seu texto faz parte da coletânea "Xamanismo no Brasil" lançada pela editora da UFSC.
Apesar do que se esperava no ritual Maraká dos Asuriní, não se usa o maraká, pois "o meio físico através do qual se desencadeia a metamorfose" do xamã da condição humana para a sobrenatural é a fumaça do charuto de tabaco chamado petym. No entanto este ritual tem características similares a "pajelança" de demais grupos indígenas através da representação da doença e do uso de danças e cantos nos seus ritos.
Ainda durante as entrevistas recebemos um relato muito interessante acerca do maracá, que vai introduzir o nosso próximo ponto:
"No romance Iracema, José de Alencar traduz maraká do tupi-guarani como: mara = chifre e ká = combate, "chifre de combate". Seria por se parecer com um chifre e ser usado em combates espirituais? " (Andrei)
São incontáveis os relatos que tratam o maracá como um "objeto de poder", fruto das mais diversas concepções. No entanto para iniciar a observação nesse sentido podemos lembrar que, de acordo com o livro "Normas de Ritual", em um trabalho onde canta-se um hinário inteiro a primeira parte se faz sem instrumentos e é só na segunda parte, depois de um intervalo, que este recebe o acompanhamento dos "músicos"[7] (pessoas que tocam violão, baixo, flauta e outros instrumentos).
No entanto de acordo com as observações feitas, e apesar de todos os relatos serem unanimes no sentido de dizer que os "músicos" só entram após a metade do hinário, o uso do maracá se faz presente a partir do primeiro hino. E sempre serve de acompanhamento a todos os outros hinos até o fim do trabalho, salvo raras exceções, como no caso de ser cantada a missa (conjunto de hinos em homenagem aos mortos, em que se canta com todos sentados, após a reza de um terço e sem o acompanhamento de quaisquer instrumentos) ou o hino da confissão.
Percebe-se, assim, que o imaginário construído a cerca do maracá nos fornece representações contraditórias sobre as características, os usos e funções do mesmo. Assim, o maracá, na mesma medida que é considerado como um instrumento musical, pode assumir uma carga simbólica superior às suas qualidades musicais, como por exemplo ser responsável pela condução do clima do trabalho espiritual, tanto individual como coletivo. E além disso, como podemos constatar, ele pode, ao mesmo tempo, não ser considerado como um instrumento musical , já que aqueles que o tocam não são considerados músicos, como vimos acima. Para ilustrar segue uma serie de relatos dando um panorama de como o maracá passa a ser concebido na exegese nativa.
"Agora sob o ponto de vista espiritual penso que o maracá é um "objeto de poder", ou seja, é apenas um instrumento, não tem o poder de ensinar nada, é uma ferramenta de guerra. Como instrumento de luta é de se ressaltar que o maracá não traz consigo nenhum poder para seu dono, na verdade o seu poder depende de seu possuidor, pois é a pessoa que empresta suas forças para o instrumento e neste caso, o poder depende exclusivamente da atitude mental de quem toca." (Alex Guedes dos Anjos)
"... ele é um ótimo cavalo para quem quer andar no astral, percebi também que rola uma magia de acordo com o movimento que você faz..." (Dário Placid)
"... vi uma palestra sobre xamanismo indígena com o Sr. Inti Roman Quéxua, da tribo quéxua do Peru, onde ele afirmou que certos xamãs levantam sua mão esquerda para captar as energias do cosmo e a mão direita vibram o maracá, espalhando energias positivas sobre o paciente e sobre os locais doentes, afastando assim as influências indesejáveis." (Andrei)
"E em Caxias do Sul para este São João tive que deixar meu maracá de metal, afinadíssimo pelo Adriano Grione da Boca do Acre, no bolso, porque os maracás ali puxados todos eram indígenas, e eu podia distoar. "Silencioso..." (mas eu acho muito difícil ter de bailar com as mãos no bolso ou sem o maracá/arma em mãos!)" (Eduardo Bayer - entrevista por e-mail)
Neste contexto ritualístico podemos dizer que o maracá é um instrumento canalizador de energia, energia esta que tem origem no amor. O amor é a força verdadeira e quando o tocamos é como se emitíssemos correntes de luz que espantam os mal espíritos, "enxotam os malfazejos"[8]. A energia, como sabemos, é positiva e negativa e de ambas correntes precisamos para acender uma luz, assim, também acredito que pelo maracá "espirramos" fluxos negros.
Enfim, o maracá é um instrumento que nos ajuda a fazer nossa "limpeza de mentalidade. (Alex Guedes dos Anjos)
O maracá, então, passa a ser concebido como uma arma que vai influir magicamente sobre os efeitos da bebida com fins específicos. Entre eles podemos dizer que o maracá produz o "som cadenciado favorecedor da expansão da consciência, [além de] oferecer à mente um elemento pregnante (simples, estável, regular e contínuo) de foco [e manter o] contato consciente com o próprio corpo" (Teixeira de Freitas S/ data).
Esta característica de o maracá manter o contato consciente com o corpo pode ser traduzida em dois sentidos. O primeiro seria de que pelo toque o adepto se orienta nos passos que vai dar na dança ritual ou bailado. Em relação ao segundo sentido podemos exemplificar citando o seguinte relato:
"Quanto aos momentos de peia, me refiro a passagens difíceis onde eu como médium despreparada, ficava quase inconsciente e as batidas do maracá me ajudavam a ficar aqui." (Silvia)
Já o aspecto de ser um favorecedor na expansão da consciência pode-se dizer que:
"... ele também colabora na facilitação do transe, pois é através dele que o ritmo é mantido, e as músicas ritmadas desta forma, torna-se uma poderosa redutora de análise, permitindo com mais facilidade as modificações no estado de consciência, isto é, reduzindo o senso crítico e a percepção comum para atingirmos mais facilmente os estados de percepção da realidade não comum [consciência alterada] e claro, absorver as mensagens contidas nos hinos." (Alex Guedes dos Anjos)
Ainda sobre o maracá atuando como expansor da consciência foi-nos cedida uma "dica", que em um trabalho posterior pode ser averiguada:
"... pesquise a ciclagem do impulso elétrico nos neurônios cerebrais e verá que sua freqüência ótima (40 Hz), ao ser estabilizada por estímulos externos sonoros ou vibracionais induz com facilidade à expansão de consciência e a eventuais estados de êxtase (razão pela qual se usa aqui maracás, lá mantrams, acolá tambores, não sei onde chocalhos e por aí adiante)... " (Luis Carlos Teixeira de Freitas em entrevista por e-mail)
Conclusão
Este trabalho então vem com a proposta de acrescentar, a imensa gama de estudos acerca da religião do Santo Daime, uma abordagem etnomusicológica de um objeto em particular e até por conta disso só vai dar cabo de responder questões especificas e apresentar conclusões parciais.
Como se pode perceber ao longo de todo o trabalho, o Maracá é um tema constante de discussão entre os adeptos do Santo Daime. Seu uso da fruto as mais acaloradas discussões pois pode tanto ser visto como aliado na expansão da consciência, quanto como responsável e causador de problemas de ordem física - espiritual.
O Maracá enquanto arma espiritual ou instrumento musical não tem o seu espaço definido, essas duas visões se entrelaçam, apesar da tentativa de separar esses dois aspectos nesse trabalho, pode-se perceber que esta separação não existe no pensamento nativo.
Percebe-se também que o pensamento dos adeptos do Santo Daime acerca do maracá vai acompanhar o seu pensamento sobre a bebida ritual, e assim ter uma suposta herança cultural do pensamento indígena. Esta hipótese da herança cultural do pensamento indígena sobre o pensamento dos adeptos do Santo Daime não é uma proposição que pretende ser provada neste trabalho, mas sim é uma hipótese levantada a partir do próprio pensamento nativo.
O nativo faz assim uma ampla relação entre os efeitos alucinatórios da bebida e o som produzido pelo grupo. A constante busca por uma musica que soe uníssona e padronizada também caracteriza esta busca enteógena de religação com o divino, pois de acordo com relatos quando se consegue ouvir uma só voz essa seria a voz de Deus.
O grupo demonstrou grande interesse em contribuir para esse trabalho e também em ter acesso ao produto de suas contribuições. Agradecemos assim todas as contribuições e relatos ressaltando aqui a sua importância. Importância essa expressa a partir do titulo que é fruto de um dialogo, em que nos dizíamos que pretendíamos fazer um trabalho sobre o uso do maracá e a nossa resposta foi unicamente está frase - titulo: "Quando o instrumento vira espada."(Robério)
Bibliografia
Abramovitz, Rodrigo Sebastian de Moraes. Musica e Miração: uma análise etnomusicológica dos hinos do Santo Daime. Dissertação de Mestrado. UNIRIO, 2003
Araújo, Wladimir Sena. Navegando sobre as ondas do Daime: história, cosmologia e ritual da Barquinha. Campinas/SP: Unicamp
Bayer Neto, Eduardo. O Verdadeiro Inka. Rio de Janeiro, Papel Virtual Editora, 1999. 240 p.
CEFLURIS. Normas de Ritual. Reproduzido pela Regional Nordeste Santo Daime, Recife, 2002
Eliade, Mircea. O Xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. Paris 1951
Fróes, Vera Fernandes. Santo Daime Cultura Amazônica.História do Povo de Juramidam. Manaus: SUFRAMA, 1986.
Garulo, Pablo. A Fenomenologia do Transe in: Revista de Parapsicologia número 25 elaborada pelo CLAP, s/ data.
Gennep, Arnald van. Os ritos de passagem. Pétropolis, Vozes, 1978.
Groisman, A., 1996. Santo Daime: notas sobre a "Luz Xamânica" da Rainha da Floresta. In: Xamanismo no Brasil, Novas Perspectivas (E. J. M. Langdon, org.), pp. 333-352. Florianópolis: Editora da Ufsc.
Groisman, Alberto. Eu venho da Floresta: ecletismo e práxis xamânica daimista no Céu do Mapia. Dissertação de mestrado em Antropologia Social – Ufsc. Florianopolis, 1991.
Guimarães, Maria Beatriz Lisboa. A lua branca de seu Tupinambá e de mestre Irineu: estudo de caso de um terreiro de Umbanda. Rio de Janeiro, Ufrj, dissertação de mestrado, 1992.
James, Willian. The varieties of religious experience. Nova York, Modern Library, 1929.
Lewis, Ioan M. Extase religioso: um estudo antropológico da possessão por espírito e do xamanismo. SP, Perspectiva, 1977.(1971)
MacRae, Edward. Guiado pela Lua. Xamanismo e o uso ritual da ayahuasca no culto do Santo Daime. São Paulo, Brasiliense, 1992.
Mauss, Marcel. Ensaio sobre a dádiva. Razão e troca nas sociedades arcaicas, in Sociologia e antropologia. São Paulo, EPU/Edusp, 1974.
Monteiro da Silva, Clodomir. O palácio de Juramidam. O Santo Daime: um ritual de transcendência e despoluição. Recife, Ufpe, dissertação de mestrado, 1981.
Monteiro da Silva, Clodomir., 1985. Ritual de Tratamento e Cura. Santarém: I Simpósio de Saúde Mental da Amazônia, Sociedade Brasileira de Psiquiatria e Sociedade Paraense de Psiquiatria.
Monteiro da Silva, Clodomir. O uso ritual da ayahuasca e o reencontro de duas tradições. In: O Uso Ritual da Ayahuasca (B. Labate & W. Sena Araújo, orgs). Campinas: Mercado de Letras.
Müller, Regina Polo. Maraká, ritual xamanístico dos Asuriní do Xingu, In: Xamanismo no Brasil - Novas Perspectivas (E. Jean Matteson Langdon) Florianopolis: Editora da UFSC, 1996
Ott, Jonathan. Ayahuasca analogues – Pangean Entheogens Natural Products Co., 1994
Shanon, Benny. Cognitive psychology and the study of ayahuasca, In: O Uso Ritual da Ayahuasca (B. Labate & W. Sena Araújo, orgs). Campinas: Mercado de Letras. 1997
Teixeira de Freitas, Luis Carlos. Sem titulo. S/ Editora, S/ Local, S/ Data. (no prelo)
Turner, Victor W. O processo Ritual – Estrutura e anti-estrutura. In: Antropologia 7, s/ data.
Velho, Yvonne Maggie. Guerra de Orixá: um estudo de ritual e conflito. RJ, Zahar, 1975
[1] As palavras em Itálico fazem parte das categorias nativas.
[2] Estado de consciência alcançado com a ingestão da bebida ritual, onde se viaja para dentro de si, funcionando como uma auto-análise. Ocorre modificações na percepção, os sentidos ficam mais aguçados, podendo-se ter visões luminosas e contatos com pessoas distantes. Recordações e pensamentos ocorrem em grande velocidade, a noção de tempo varia. Alonga-se ou não, de acordo também com as emoções.
A nomenclatura dos gêneros e compassos foi retirado da tese de Rodrigo Sebastian de Moraes Abromovitz - Musica e Miração, já a definição dos tempos é de responsabilidade dos autores do trabalho.
[6] O termo peia se usa quando a pessoa quer nomear um momento difícil quando o adepto ou neófito tem uma bad trip em que podem haver visões aterradoras, mal estar do corpo, como suar frio, taquicardia, etc...
[8] Nesta parte cita uma frase do hino Linha do Tucum de número 108 do Mestre Raimundo Irineu Serra
TRAJES E MÁSCARAS
Os trajes representam um microcosmo espiritual que se distingue do espaço profano em volta. Está impregnado, através da consagração de forças espirituais. É como se adquirisse um novo corpo. As máscaras encarnam poderes sobrenaturais, dando um meio ao homem para se aproximar de forças divinas.
O significado das pinturas variam muito de cultura para cultura. É uma expressão religiosa, espiritual. Algumas crenças dizem que é para o índio ser reconhecido no paraíso. Outras para caracterizarem rituais de passagem, da adolescência, status na tribo. Existiam também pinturas para a guerra (para desencorajar inimigos), para cerimônias (para expressar seus espíritos) para a auto-expressão (de acordo com a visão de sí mesmo ) para luto, festas, etc.
A máscara é encontrada em diferentes culturas e acredita-se que foi uma evolução das primeiras pinturas e tatuagens que os índios usavam em suas caçadas. Posteriormente, eles se utilizaram da cabeça do animal como camuflagem, permitindo-lhes uma maior aproximação da caça e assim poderiam abatê-la com sucesso. Em seguida, passaram a fazer parte de cerimônias religiosas como símbolos mágicos. Para a maioria dos povos as máscaras simbolizavam seres da natureza, deidades, o reino dos mortos e animal ancestral.
A Dança dos Mascarados era costume muito antigo entre os índios da América do Norte, mas elas também foram encontradas entre tribos que habitam às margens do rio Xingu.
Estas danças de máscaras são para a etnologia de interesse particular pelas analogias, que, quanto a forma das máscaras e outros usos festivos, há entre estes e as danças dos indígenas de Milanesia. É tanta a semelhança que a descrição das danças de máscaras destes, podia-se aplicar às danças dos índios brasileiros Carajás do rio Araguaia. As máscaras por eles criadas todas representam animais, mas não são imitação plástica do animal, como os índios da América do Norte e as Tucunas (praticamente extintos) na região do Acre, sendo que por exemplo, a ave que se representa é apenas indicada por uma propriedade, um ornamento ou uma pluma.
As danças eram acompanhadas de cantigas, cujo conteúdo era o louvor das proezas da guerra e de caça tanto dos indivíduos como da tribo e os mascarados imitavam as vozes dos animais que representavam. Estas máscaras não tem nada ver com culto e estas festas não parecem ter outra origem, senão de aproveitar a ocasião para celebrar uma boa colheita ou caça.
Entre os Carajás, existiu dois tipos de máscaras. Todas elas eram confeccionadas com palha de palmeira, umas são vestidos inteiros com uma espécie de capuz. Este é um cone que se eleva acima da máscara que representa o falcão caracará. A outra, seria um chapéu cilíndrico coberto por um mosaico e lindas penas que indicam a ave representada. Cada aldeia tinha máscaras próprias.
No tempo que antecedia estes festivais, se iniciavam os preparativos: as mulheres cuidavam da comida e bebida e os homens ocupavam-se na caça ou fazendo o vestido das danças. Os cânticos entoados eram muito antigos e a cada animal era reservado um tom.
Mulheres e crianças podiam assistir às danças, mas não poderiam entrar na casa das máscaras, ou vê-las separadas do mascarado, para inculcar-lhes a crença que os espíritos das aves estariam presentes na máscara. Este era o motivo do porque deveria ficar oculto e desconhecido o mascarado.
Sobre a significação destas danças e sobre os animais escolhidos, não existe explicação certa. Talvez pelo amor que o indígena sentia por todos os animais, os reverenciassem desta forma. O sentimento de visível parentesco com o reino animal, que se manifesta nos mitos e lendas também é um traço característico da alma do índio. Eles hábeis em domesticar animais selvagens. Conta-se que existia aldeias, que mais pareciam um jardim zoológico em que a avefauna predominava. As aves maiores, mais vistosas e de colorido mais belo, lá figuram e contribuem fornecendo plumas ornamentais. As araras tal qual guardas, estão sempre alertas e passeiam pelos telhados, anunciando com seus gritos o estrangeiro.
Teve-se notícia que outras tribos que habitavam às margens do rio Pururús, afluente do Solimões existiu cerimônias com danças de animais e aves, porém não eram usadas máscaras. Entre os Bakairí foram vistas máscaras de aves com toscos de rostos humanos, feitas de madeira (entalhada) e também de pano. Estes têm parte de rostos colados de cera, com fronte e nariz saliente.
Havia também máscara que eram imitações de animais ou aves representadas. Quando se vestiam de "gala", traziam os Baikaikí sobre a cabeça figura de aves feitas de madeira e de palha de milho.
Como os índios, que receberam com festas o descobrimento da América, representaram aves descreve-nos o autor do magnífico poema "Colombo", no canto 291:
"Eis matizados grupos
De ligeiros donzéis, vestidos de aves!
Frontes ornadas de compridos bicos.
Braços cobertos de brilhantes penas.
No remigio imitando as várias aves
Dando saltos e pulos desmedidos."
O nosso índio, passou da máscara à mordaça e hoje encontra-se preso aos grilhões da miséria.
Uma tribo, os hopi do Arizona, celebravam um ritual com máscaras, onde elas representavam seus ancestrais e seus deuses. Deste modo, parentes falecidos vinham até eles, só que em forma de espíritos chamados de "Kachinas" e as máscaras também possuíam este nome.
Outros povos primitivos já usavam máscaras para assustar o inimigo. E, muitos outros, acreditavam que a máscara encarnava um espírito e era tratada como tal.
Existiram também máscara fúnebres ou de morte, importantíssimas e muito usadas entre os egípcios. Muitos povos, ainda hoje, usam-nas em cerimônias associadas à morte. Na Nova Irlanda, dançarinos se utilizam de máscaras para invocar pessoas mortas e acreditam que durante a cerimônia seus espíritos se fazem presentes.
Na África, a instituição das máscaras era utilizada nos rituais agrários, iniciáticos e funerários.
As máscaras, como os rituais, são reflexos de nosso subconsciente humano e têm o poder de alcançar a base do que somos feitos. Tendemos a ver a máscara, somente como um disfarce, mas o certo é que ela vai mais longe, pois nesta tentativa, adquirimos uma nova energia e nos transformarmos em algo mais.
Uma máscara conecta o seu portador com a energia do arquétipo que reside dentro do inconsciente coletivo. A máscara seria uma mediadora entre o "ego" e o "arquétipo", o "mundano" e o "sobrenatural", o "sagrado" e o cômico". Conecta, também, o presente com o passado e o indivíduo com o coletivo.
Com o uso das máscaras, damos forma a nossos sonhos, medos e fantasias. Trabalhando com elas, construímos pontes dimensionais, estendemos nossos limites e reconhecendo através dos espíritos exteriores os que habitam em nosso interior. Dando forma ao desconhecido, estamos retratando nossos medos, possibilitando assim, um maior aprendizado sobre nossas emoções.
Tribos indígenas dos Andes, tem o costume de cobrir seus mortos com uma máscara, para que eles estejam protegidos dos olhares de espíritos maléficos.
Há muitas histórias também, sobre a beleza oculta por máscara. O Fantasma da Ópera e a A Bela e a Besta, são exemplos bem conhecidos. Em ambos os casos, o herói sofre de uma deformação externa. Por isso, o Fantasma se oculta nos túneis subterrâneos de Paris e a Besta encontra-se reclusa em seu castelo de proibições. A beleza da alma destes personagens somente será visível através de um verdadeiro amor.
PAU-FALANTE
Neste ritual não pode ser utilizada nenhuma palavra que não represente a verdade. Só fala quem estiver com o pau-falante na mão, os demais permanecem em silêncio . É uma forma de honrar a sabedoria dos outros. São empregados em reuniões, processos grupais, relacionamentos entre as pessoas , etc. É um instrumento de poder, confeccionado em ritual, onde o portador coloca as medicinas de acordo com sua inspiração/visão (cores das direções, pedras, penas, etc.) O processo de desenvolvimento do poder medicinal, é aprender a usar palavras como veículo de poder. Podemos chamar de afirmações verbais. As palavras são criadas na respiração, e, respiração é vida.
O Universo é permeado de inúmeras forças incrivelmente poderosas, que encerram um potencial tanto para o bem, como para o mal. Quando o equilíbrio entre o bem e o mal for perturbado, pessoas adoecem. A saúde mental é o alinhamento satisfatório entre cabeça - boca e coração.
A saude mental prevalece quando o que expressamos pela boca, corresponde ao que acreditamos no coração. Somos mentalmente sadios quando acreditamos no que sentimos. Quando a boca diz o que o coração não sente , ou quando a cabeça sabe de algo que o coração não aceita , mais cedo ou mais tarde o desequilíbrio aparece.
Os xamãs dizem que as doenças resultam do acumulo de padrões de raiva, que não são libertados. Tristezas, medo, depressão, rabugices, podem causar doenças também.
Nós todos sabemos que falar a verdade é poderoso. Um bom exemplo são os relatos do A.A. (Alcóolatras Anonimos e de outros programas que usam testemunhos, mesmo nas práticas de psicoterapia de grupo.
A cura é é baseado nesta consciência. Aquele que fala a verdade está se curando. Mas é uma cura para o grupo todo porque porque cada um individualmente é escutado, no silêncio e na reverencia, e a compreensão se abre.
CACHIMBO
Para os nativos norte-americanos, ele surgiu com a aparição da Mulher Novilho Búfalo Branco, na tribo Lakota.
Ela explicou que o fornilho representava a Terra , e o cano tudo o que nasce sobre a Terra.
O fornilho representa o aspecto feminino e o cano o masculino. A união dos dois simboliza o princípio da criação, da fertilidade. O Cachimbo Sagrado é uma forma de oração, as preces são enviadas através do cachimbo. A cada pitada de tabaco se está honrando o que os nativos chamam de Todas As Nossas Relações ( Mitakuye Oyassim ) , que são todas as manifestações da vida da Criação, seres elementais, animais, insetos, peixes, pedras plantas, ancestrais, e etc.
O cachimbo também é utilizado por xamãs peruanos em rituais com plantas de poder, na magia dos pretos velhos, por índios brasileiros em rituais de cura e exorcismos. O fato de alguns cachimbos serem de uma peça só não tira o valor ritual. (Veja mais em TABACO).
Dois lakotas andavam numa colina, até que viram uma mulher muito linda, vestida com peles brancas, trazendo nos ombros uma bolsa.
Um dos homens teve pensamentos impuros e disse ao outro, mas, o outro lhe avisou que seguramente aquela era uma mulher sagrada.
O homem com intenções impuras se aproximou da mulher, e nesse momento uma grande nuvem envolveu os dois. Quando a nuvem se dissipou a mulher estava em pé e do homem sobrou seu esqueleto e serpentes que o contornavam.
A mulher disse ao outro homem:
" Consideras aquilo que vês. Quem só vê a beleza física, jamais conhecerá a Beleza Divina. "
"Vá até seu chefe Chifre Oco Em Pé e diga-lhe que prepare uma tenda espaçosa para abrigar todo o seu povo e aguardar a minha chegada. Quero passar-lhes algo muito importante."
O homem comunicou o acontecimento a Chifre Oco Em Pé, que prontamente mandou construir uma grande tenda.
Ao terminar a tenda e reunir o seu povo, a mulher misteriosa chegou. Ela aproximando-se tirou sua bolsa dos ombros, e, segurando com ambas as mãos entregou ao chefe dizendo:
"Olhe para esta bolsa e ame-a sempre. Ela é muito sagrada, e deves trata-la como tal Dentro dela há um cachimbo sagrado para teu povo enviar suas vozes ao Grande Espírito, teu Pai e Avô."
Essa mulher apresentou-se como Mulher Novilho Búfalo Branco. Ela explicou o procedimento ritual para o uso do cachimbo, e os sete ritos em que o cachimbo deve ser usado. No final, quando ia embora falou :
" Com este cachimbo, os seres de duas pernas aumentarão em número e a eles virá tudo o que é bom. "
Dando a volta pela cabana, na direção do movimento do Sol, ela foi embora, depois de caminhar por uma curta distância olhou para trás para o povo e sentou-se. Quando voltou a levantar, o povo se assombrou, pois ela se transformou em um novilho de búfalo vermelho e castanho. O novilho andou por uma pequena distância, deitou e rolou no chão, e quando levantou era um búfalo branco. O búfalo branco andou por uma pequena distância, deitou e rolou no chão, e quando se levantou, era um búfalo negro, que se afastou de desapareceu no alto de um morro.
Segundo Campbell, a mulher wakan ( sagrada ) é o aspecto feminino do búfalo cósmico. O Búfalo Cósmico é o símbolo do Universo em seu aspecto temporal, lunar, morrendo e ressuscitando sempre, e suas 28 costelas representam os ciclos da lua. Um símbolo de renovação. Ela mesma era o novilho vermelho, cor da Terra, idêntica a cor do fornilho do cachimbo, mas também a mãe, o búfalo branco; e a avó o negro.
Essa estória foi extraída do meu livro " O Espírito Animal " É um resumo da versão de Black Elk ( Alce Negro ). Segundo Campbell, a mulher wakan é o aspecto feminino do Búfalo Cósmico.
Uma forte simbologia para os participantes da cerimônia do cachimbo sagrado, é que quem o leva a boca, deve manter os seus pensamentos puros, limpos, boas intenções
1 - Cerimônia de Purificação e Limpeza (Sálvia, etc)
- 1 pitada de tabaco para as 6 direções
- Sentir o poder do Leste
- Empurrar o tabaco até o fim, com um bastão.
- 5 ou 7 pitadas, dependendo da intenção
- Acender o cachimbo, oferecendo aos Espíritos das 4 direções
Passar a fumaça na ordem :
- Cabeça
- Abaixo
- Virando no sentido horário de pé e fazer a oração
É importante quando está com o cachimbo no alto, muita calma para escutar os espíritos com claridade.
Ao final, agradecer Whope Wakan, Tunkashila, espíritos brasileiros e nativos-norte americanos ( todos fazem suas orações pessoais ).
É importante a segurança espiritual com o cachimbo e a sweat lodge.
Parte 1 - Paz com os espíritos brasileiros
Parte 2 - Outros espíritos
Honrar com o CACHIMBO
1 - As 4 Direções - Terra - Sol - Lua - Estrelas - Grande Mistério
2 - Reino Vegetal - Árvores - Ervas - Algas - Musgos . Reino Animal: Que nadam, voam, correm, rastejam, insetos
3 - Sêres humanos - Vermelhos, Brancos, Negros, Amarelos
4 - Amor - União - Trabalhando conosco no Universo
FILTRO DOS SONHOS
Os videntes nativo–americanos ensinam que a Grande Aranha, teceu a Teia do Universo para relacionar todas as coisas. (Enquanto teço este texto, reflito que o mundo todo está ligado por uma "WEB" = teia em inglês). Para eles, a Aranha ao mesmo tempo é Avó e Criadora que cria novas energias dentro da existência. Ela tem a "Medicina da Criação".
Num dos mitos da Criação, conta-se que no inicio do mundo só havia escuridão, os povos andavam às cegas, e viviam se colidindo, uns com os outros. A vovó aranha que trouxe o sol e o fogo aos índios e ensinou-lhes também a arte de fazer a cerâmica.
Conta uma velha lenda dos nativos norte-americanos, que um velho índio ao fazer uma Busca da Visão no topo de uma montanha, lhe apareceu IKTOMI, a aranha, e comunicou-se em linguagem sagrada. A Aranha pegou um aro de cipó e começou a tecer uma teia com cabelo de cavalo e as oferendas recebidas
Enquanto tecia, o espírito da Aranha falou sobre os ciclos da vida, do nascimento á morte e das boas e más forças que atuam sobre nós em cada uma dessas fases. Ela dizia :
"Se você trabalhar com forças boas, será guiado na direção certa e entrará em harmonia com a natureza. Do contrário, irá para direção que causará dor e infortúnios".
No final a Aranha devolveu ao velho índio o aro de cipó com uma teia no centro dizendo-lhe:
"No centro está a teia que representa o ciclo da vida. Use-a para ajudar seu povo a alcançar seus objetivos, fazendo bom uso de suas idéias, sonhos e visões. Eles vem de um lugar chamado Espírito do Mundo que se ocupa do ar da noite com sonhos bons e ruins. A teia quando pendurada se move livremente e consegue pegar sonhos, quando eles ainda estão no ar. Os bons sonhos sabem o caminho e deslizam suavemente pelas penas até alcançar quem está dormindo. Já os ruins ficam presos no círculo até o nascer do sol, e desaparecem com a primeira luz do novo dia"
Esse círculo é conhecido como "dreamcatcher" (apanhador de sonhos). Aqui no Brasil é chamado de Filtro dos Sonhos ou Coletor de Sonhos.
Trata-se de um instrumento de poder para assegurar bons sonhos para aqueles que dormem debaixo dele, e também para trazer visões.
Geralmente são colocados onde a luz bate pela manhã, em frente a janela. Os nativos nos ensinam que os sonhos passam pelo furo no centro e os maus sonhos ficam presos na teia e se dissipam à luz do amanhecer.
Você poderá colocá-lo no seu quarto, escritório, ou até no berço ou carrinho do bebê. Os nativos ensinam que os bebês ao verem a pena balançar com o vento, se entretêm e aprendem a importância do ar. Ele é feito na forma de um círculo, tradicionalmente com galhos de Salgueiro. É feita uma rede na forma de uma teia de aranha com uma abertura ao centro. Tem muitas lendas de origem, de acordo com cada tribo e também diferentes formas de tecer.
É uma mandala. Segundo Jung, a mandala se encontra na própria alma humana, aparecendo nos sonhos e em diversas imagens criadas pelo nosso inconsciente. O Circulo
Representa, o Círculo da Vida. As rodas, ou círculos, representam a totalidade. O círculo é o símbolo do Sol, do Céu e da Eternidade. No simbolismo ancestral o círculo é o símbolo do espaço infinito, sem começo e sem fim.Qualquer que seja a representação simbólica em qualquer era e em qualquer cultura, um Círculo de Poder, serve como um espelho, onde podemos ver o reflexo do Universo e o Grande Tudo, que contém a totalidade, trabalhando para o entendimento dos mistérios da vida, do cosmos, e das leis naturais. A Teia e a Pena
Os fios da teia, que são ligados ao círculo, podem ser tecidos em 7 pontos (7 profecias) 8 pontos (8 pernas da aranha = oito direções sagradas ), 13 pontos (13 Luas), variando de acordo com cada tradição e intenção.
Pode ser colocada uma pena no centro, simbolizando a respiração, o elemento ar, e em alguns são colocados uma pedra/cristal. Tudo o que é colocado possui um significado.O Centro da Teia
Corresponde ao Grande Mistério, o Criador, a Força que abrange o Universo inteiro.
Coloque seu filtro de forma ritualística. Isso é o que diferencia um adorno de um instrumento de poder. Purifique antes o ambiente, o próprio filtro, e coloque sua intenção. Faça sua própria cerimônia. Peça proteção para o lar, família, pensamentos.
Atualmente muitas lojas vendem filtro dos sonhos, alguns industrializados com penas coloridas, espelhinhos. Particularmente, prefiro algo mais tradicional, mais rústico, feito artesanalmente com cipós colhidos, com preces e orações. Você poderá comprar em lojas ou aprender a fazer numa oficina de confecção (acho mais interessante !)
No xamanismo evoca-se a essência espiritual da aranha para compreender melhor a "teia da vida", para evocar a criatividade e a imaginação. Inspira a visão e o poder para trazer nossos sonhos até a realidade. Para se obter independência e coragem, para rompermos com armadilhas que criamos, sejam emocionais ou espirituais. Para rompermos a teia da ilusão, construirmos novos sonhos, para sonharmos mais, para tecermos nossa própria vida.
Bons Sonhos !
Informe-se sobre a Oficina de Confecção de Filtro dos Sonhos com Fany no espaco@xamanismo.com.br
PENAS
São usadas como símbolos espirituais por xamãs e sacerdotes, como símbolos de realeza para reis e chefes, para ornar, símbolos de cura, ou símbolos do poder sagrado.
O Reino dos pássaros é o ar que interliga o Paraíso com a Terra.São os pássaros que se movem entre ambos. Fazem o caminho entre a espiritualidade e a matéria. O ar em movimento é o vento que simboliza a o movimento e a capacidade de voar, nas asas da inspiração, intuição e criatividade
De todas as formas, tamanhos, variedades, cores. elas carregam a energia dos seres alados, do vôo da alma, da purificação. Simbolizam a liberdade, ir além dos limites e carregam nossas preces. É como se encontrássemos nossa próprias asas. Elas trazem poder para quem sabe receber.
Os nativos americanos usam, em especial, as da águia e do falcão para curar doenças, para aumentar o poder da cerimônia. As penas e os pássaros comunicam a linguagem sagrada do espírito, mostra-nos uma finalidade mais elevada. As penas do Cachimbo Sagrado são as da Águia Dourada. Suas penas simbolizam o Sol Espiritual
Pássaros podem freqüentemente ser considerados os símbolos da alma. Suas habilidades para voar refletem a habilidade dentro de nós para voarmos para novas qualidades, servir de ponte entre o céu e a terra., estimular grandes vôos de esperança, inspiração e idéias
Transcrevo abaixo texto de Maril Crabtree, extraído do seu Livro Penas Sagradas:
" ...aprendi que em muitas tradições antigas a pena preta é um sinal de sabedoria mística, recebido numa iniciação espiritual. Tais penas (de corvos, por exemplo) são freqüentemente utilizadas por figuras xamânicas.
Ao longo da história, as penas têm se apresentado como símbolos para xamãs e sacerdotes, como símbolos de realeza para reis e chefes, como símbolos de cur ou como símbolos sagrados em culturas tão antigas quanto as eras egípcia, asiática e céltica. essas culturas possuíam habilidades para se comunicar com a natureza por meio de caminhos que foram ignorados ou esquecidos em nossa época atual.
Porém, as penas são mais do que históricas. para muitos, elas representam sinais místicos, mensagens ou oportunidades. São fragmentos de sincronicidade na fluida miscelânea dos significados universais. As penas surgem em lugares inesperados como uma garantia do bem-estar, como um sinal reconfortante da abundância no universo e como mensageiros inconfundíveis de esperança e encorajamento. Sua graça efêmera as torna perfeitos emissários da liberdade espiritual e emocional.
Nos últimos anos tenho coletado histórias verídicas de pessoas cujas vidas se transformaram por causa das penas: penas como mensageiros sagrados, como condutores para o esclarecimento, como precursores da verdade interior ou como gentis lembranças do sincronismo e da abundância do universo. Essas histórias são relatos poderosos de como as penas ensinam, guiam, inspiram a todos nós. Elas oferecem exemplos reais de como o universo fala para nós por meio de um objeto comum mas místico - uma pena.
De que maneira uma pena - um objeto inanimado - fala à nós ? Como podemos receber mensagens de uma parte da asa de um pássaro? O que há nas penas - opostas à borra de café ou ás flores silvestres - que as qualifica como precursores da verdade universal?
Vivemos num cosmos holográfico, onde uma parte do todo reflete esse todo. Quando uma pena abandona um pássaro e cai na terra, ela traz consigo toda a energia que a vinculava ao ser vivo. De uma perspectiva cósmica, a pena também carrega, tal qual trazemos conosco, a energia universal que nomeamos de várias formas: "Deus", ao "Espírito", "força de vida divina". Por que, então, não aceitar que a pena cai em nossas vidas para trazer, diretamente, uma mensagem dessa força de vida?
Quando, entre centenas de pessoas, vejo uma pena num lugar inesperado, sei que ela foi endereçada a mim. Nem todas as penas são "especiais", tampouco o são todas as pedras ou todos os cristais. Mas o potencial para a conexão está lá. Preciso apenas escutar a partir daquele espaço aberto dentro de mim, o qual anseia por voar cada vez mais alto. Só tenho que aceitar que, como disse um contador de históriass, "há poderes simples, estranhos, reais" que me afetam.
As penas também são significados simbólicos universais, reconhecidas por tribos e tradições do mundo. Ela nos falam de vôo, de liberdade, de ultrapassar limites, de colocar-se "acima de tudo", da necessidade de se soltar e relaxar. Em muitas culturas, as penas carregam orações aos deuses e conferem poderes extraordinários em batalhas.
Mais que tudo, as penas chegam como dádivas. elas v~em do céu, do mar, das árvores, da relva, e até mesmo - como ilustram essas histórias - de lugares nunca habitados por aves. Elas nos chegam inesperadamente, mas com um propósito. Suas mensagens podem ser espantosas, reconfortantes ou repentinas, mas são sempre uma oportunidade para ver - para encontrar respostas a questões que nem sequer sabíamos que perguntávamos.
O que é então uma pena? è uma parte dom corpo de um pássaro e é parte de nós. Ela existe em sí mesma para servir seu objetivo primário no cosmos. tal qual quando levamos mensagens inspiradoras aos outros, enquanto simplesmente preenchemos nossas vidas, as penas trazem estas mensagens a nós. Ela nos lembram de que caminhamos num mundo transbordante de significados.
Qualquer pessoa que observa os pássaros na natureza, nota que eles alisam suas penas com os bicos. Esses alisamentos limpam e rearrumam os filamentos das penas. Pássaros usualmente se alisam de dois modos :
- Eles dão uma mordidela da base da pena para a sua ponta, bicando a cada fibra.
- Eles fazem movimentos que formam um desenho semelhante a um zíper.
Ambos movimentos são essenciais para em todas as partes limpar e separar as penas.
- Maneje sua pena gentilmente, fazendo sua própria forma de alisamento, isto ajuda a distribuir os óleos naturais de suas mãos para as penas, alinhando você com elas e suas energias.
- Examine seus filamentos e gentilmente corra os seus dedos ao longo do maior numero deles que você possa.
- Esfregue os filamentos da pena suavemente ao longo de sua haste. Corra a pena suavemente fazendo desenhos acima da haste. Você aumenta o seu senso de toque e começa a imprimir sua energia até a pena. Isto alavanca para você prestar mais atenção para ela. Observe os padrões, os detalhes, as cores. Tudo pode ter um significado. Cada aspecto da pena é importante.
SACOS DE ORAÇÃO
As bolsinhas são feitas usando pedaços quadrados de pano 10X10cm aproximadamente. Alguns utilizam somente o vermelho, outros chegam a recomendar que se evite o preto, etc. Na nossa jornada usaremos as cores das 4 Direções (vermelho – para o corpo emocional, branco - para o corpo mental, preto – para o corpo físico, amarelo para o corpo espiritual.
Nas tradições nativas o número varia, 104,405, etc. Nós vamos trabalhar com 104, sendo 25 para cada direção no local da Busca da Visão e 04 para a Tenda do Suor.
A energia da oração é oferecida no tabaco, prendendo-o nas mãos e com pensamentos positivos de cura, fazer as intenções e coloca-lo no pano. Em seguida junta-se os 4 cantos do pano dando a forma de uma pequena bolsinha e é amarrado por uma corda (sem cortar), formando uma fieira. Após terminados devem ser oferecidos ao Criador e aos 4 elementos e amarrados nas àrvores do local da Busca da Visão, delimitando o espaço. As preces são feitas continuamente ao criar os laços e serem fixados nas árvores para que suas preces possam ser levadas pelo vento, e os bons espíritos vêm ler e responder nossas preces .
Fazer as bolsas não é um ato de perfeição. Se ficar preocupado com erros , perderá a verdadeira finalidade, que é criar um instrumento sagrado que contenha seus desejos e preces.
SÍMBOLOS, IMAGENS, AMULETOS
Foto : Dona Talking Leaves - Altar da Tenda-do-Suor
Os símbolos dão-nos explicações essenciais de nosso ser e do mundo. Estabelecem um elo de ligação entre o homem e a divindade.
Os altares, símbolos, amuletos; são representações das formas criadoras do astral, produto da psique arquetípica. Proporcionam não só visualização, como também criam uma atmosfera sagrada. São oriundos do espírito humano, são eternos. Criam as condições necessárias para entrar num mundo paralelo.
Certos símbolos são muitos similares entre todos os povos. Eles levam a reflexão sobre o pensamento humano.
Estão conscientes de que os carregam, estão presentes em todos os processos da magia na forma de: amuletos, talismãs, fetiches, instrumentos de poder, imagens, pentáculos, mandalas, mosaicos, cruzes e outros.
São usados para fins curativos, para expansão da consciência, para equilíbrio psicológioco, para meditações, etc. Os símbolos não só proporcionam a visualização, mas sim a reexperiência que ele simboliza.
Há aqueles que criticam o uso de imagens, alegando ser apenas pedaços de barro, pau, não tendo nenhum poder. Cabe uma explicação que vai além da compreensão. Quando nos comunicamos com outros, por exemplo, usamos símbolos, mesmo sem ter consciência disso. Usamos as mãos, apontamos, usamos cores, etc. Na empresas existem os logotipos que dão identidade e significado de algo interno.
A geometria é a base dos símbolos no Universo da Magia. No xamanismo expressamos símbolos, principalmente nos objetos de poder e em pontos riscados na terra. Cada símbolo desenhado (desenhos) ou riscado (figuras geométricas), assim como as cores, representam a idéia, sentimento, emoções, fenômenos da natureza, manifestações espirituais. O símbolo contém a força viva da idéia ou intenção que lhe deu origem.
Outra forma de utilização de símbolos no xamanismo é a pintura na face, no corpo, as tatuagens.
Em rituais afros costuma-se cruzar tanto as imagens, como guia de contas que simbolizam os Orixás. Os católicos costumam levar suas imagens para o padre benzer.
O ato de consagração é que atribui às imagens, sejam elas de madeira, barro, latão ou ouro, o seu poder mágico. Eu, particularmente, consagro, estabelecendo um “elo de ligação” entre as imagens e o Princípio Sagrado do Universo. A força de uma imagem está na lembrança, no pensamento que ela acessa em nossa mente. Nos conecta com uma rede de poder, transportando-nos para Esferas Sagradas. É a firmeza no ponto.
No mundo inteiro usam-se figas, crucifixos, patuás, algum tipo de talismã ou amuleto, com a esperança de obter proteção, saúde, ou coisas materiais. Incluo aí as simpatias e fetiches.
Os amuletos podem estar nos anéis, que protegem os magos. Até hoje a aliança simboliza a união (noivos).
Os brincos também são utilizados por diversos povos como ligação espiritual. Os braceletes, tornozeleiras e colares, também contém o poder dos amuletos. Nas danças rituais são usadas tornozeleiras, em alguns casos com sinetes, chocalhos, etc.
Nos cultos africanos são utlizados nos braços ou no abdomem, uma tira confeccionada com pala-da-costa para proteção contra espíritos desencarnados (contra-egum).
Os amuletos atuam como uma ligação entre o macrocosmo e o microcosmo. Sua confecção quando é feita observando princípios sagrados, faz com quem os usa, estabelecer contato com a realidade psíquica.
No xamanismo podem ser encontrados na forma de mascaras, formas de animais, bolsas medicinais, utensílios, pedras, plantas, penas, etc.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Blessed Be!